Quando o silêncio se parte e o medo ganha nome
Leonardo Cassani
O relógio digital marcava 08h00 em ponto quando empurrei a porta da sala de reuniões. O ar pesado já estava lá dentro antes de mim: cheiro de perfume caro misturado ao suor frio de quem sabia que, a partir daquele dia, nada mais seria igual.
Clara, do RH, tamborilava os dedos contra a pasta. Henrique, do jurídico, ajustava os óculos sem parar. Sofia, do planejamento, encarava o tablet como se pudesse arrancar dali a salvação da empresa. Ao redor deles, cada secretária já estava posicionada, digitando em tablets ou fingindo anotar.
Exceto Norman.
Ela estava de pé junto à porta, com uma bandeja impecável de café e água. Mas os olhos… os olhos dela registravam cada detalhe da sala como uma câmera silenciosa.
Isabela estava à minha direita, exatamente onde sempre esteve, pronta para se inclinar e fingir intimidade. Mal abri a pasta e já ouvi o sussurro dela:
— Amor, quer que eu…
Levantei a mão e cortei a fala antes que comple