Depois de tantas reuniões, contratos e despedidas, aceitei um dos convites que me foi oferecido. Não por ambição, nem por desejo de crescimento. Mas porque precisava partir, precisava colocar um oceano entre mim e tudo o que me lembrava Aurora.
Ricardo Alves me recebeu em uma sala envidraçada, de frente para a cidade que fervia em movimento. Ele falava com entusiasmo, como se estivesse me entregando um presente que qualquer homem invejaria.
— Antônio, Manhattan será o lugar perfeito para você. Terá um apartamento mobiliado, amplo, no coração da cidade. Todos os custos de moradia e transporte pagos. Um carro à sua disposição, secretária particular, acesso aos melhores círculos de negócios… — ele sorria, como quem exibia um troféu. — E claro, o salário. Será um dos maiores que já oferecemos, compatível com seu talento.
Assenti, ouvindo cada palavra, mas nada daquilo me tocava. Salário, benefícios, status. Para mim eram apenas detalhes, distrações. Eu não aceitara pela promessa de lux