A volta para casa foi silenciosa. O motor do carro parecia ecoar cada pensamento não dito, cada medo de que eu ainda não tinha coragem de pronunciar. Já no rancho, sentei-me no sofá da sala, exausta, enquanto meus pais trocavam olhares sérios entre si.
Meu pai foi o primeiro a quebrar o silêncio:
— Precisamos pensar na logística. Quem vai com você, como vamos organizar as coisas por lá.
Olhei para ele, sentindo a garganta arder.
— Pai… eu não sei se consigo. Ir para a capital agora…
Antes que eu terminasse, minha mãe se aproximou, ajoelhando-se diante de mim. Sua voz foi firme, diferente de todas as outras vezes em que tentava aliviar minhas preocupações:
— Aurora, até aqui você decidiu tudo. E nós respeitamos, mesmo quando doía para nós. Mas agora não é uma questão de escolha. É a sua vida e a do bebê. Não vamos arriscar. Você vai para a capital, e ponto.
Senti as lágrimas subirem. A convicção dela me desmontava porque, no fundo, eu sabia que estava certa.
— Mas… e o ranch