O relógio na parede parecia não se mover. O quarto branco, silencioso, só era quebrado pelo som ritmado dos aparelhos. Mamãe tinha saído há pouco, convencida por Lucas a ir descansar algumas horas.
Ele ficou comigo, sentado na poltrona ao lado da cama. Tentava disfarçar o nervosismo, mexendo no celular de vez em quando, mas eu percebia o quanto sua perna balançava, inquieta.
— Tá tudo bem, Lu — murmurei, cansada, tentando quebrar o silêncio. — Não precisa ficar aqui o tempo todo.
Ele sorriu de canto, mas o olhar não enganava. — E te deixar sozinha? Nem pensar.
Por um instante, apenas o encarei. Era estranho, reconfortante e ao mesmo tempo pesado, ter alguém ali, sem pedir nada em troca.
A enfermeira entrou para aferir minha pressão. Notei o franzir sutil da testa dela quando viu os números no visor.
— Está mais alta do que deveria — disse, sem levantar a voz, mas ajustando rapidamente o aparelho de monitoramento. — Vou avisar a médica.
Meu coração disparou antes mesmo que ela s