Corri. Foi tudo o que consegui fazer. Meus pés mal tocavam os degraus da escada quando alcancei meu quarto, abri a porta de supetão e pulei para dentro. Encostei-a atrás de mim e permaneci ali, com a mão pressionada contra o coração. O ritmo acelerado do peito denunciava o caos que me consumia por dentro. Eu buscava ar, como quem emerge depois de muito tempo submersa, mas cada respiração parecia insuficiente.
Meu corpo tremia, não apenas pelo esforço da corrida, mas pela tempestade de emoções que me atravessava. Minha mente era um turbilhão: pedaços de frases, imagens, lembranças e aquele beijo. Sempre o beijo.
Caminhei até a cama, ainda ofegante, e sentei na beirada, incapaz de me acalmar. Um pensamento me atingiu com força: