Antônio Marco
Quando o expediente terminou, permaneci no prédio.
O último andar estava quase vazio.
Do escritório envidraçado, dava pra ver as luzes da cidade refletidas no vidro, e, por um instante, me vi ali dentro — o filho obediente que voltara ao trono, mas com a coleira apertando o pescoço.
Comecei a vasculhar pastas antigas no sistema interno da empresa.
“Projeto Horizonte”.
O nome surgiu na tela, mas o acesso era restrito.
Pedi autorização manual, e um alerta piscou: “acesso negado por diretoria”.
Tentei outro caminho, via arquivos arquivados no servidor de backup.
Ali, encontrei algo: planilhas incompletas, movimentações financeiras sem descrição, assinadas por um nome que me fez gelar — Marcelo A. Faria.
— Maldito... — murmurei.
O barulho de passos no corredor me fez fechar tudo rapidamente.
Apaguei a tela, finjo estar recolhendo papéis.
Meu pai apareceu à porta.
— Ainda aqui, filho? — perguntou, com aquele tom paternal que sempre me pareceu um disfarce.
— Si