O relógio do celular mostrava 15h47. Hoje, o itinerário parecia bem definido: muitas andanças e poucas afirmações.
Atravessei a rua e, por um triz, não esbarrei em uma mulher que usava batom vermelho e tinha um sorriso largo e contagiante. Um perfume intenso exalava dela, seu salto alto ressoava na calçada, e seu cabelo estava preso com um grampo dourado. Ela era Lola, o tipo de pessoa que atrai olhares sem precisar fazer esforço.
— Você é a Isa, certo? sorriu, como se já me conhecesse de algum lugar. — Te vejo pela vizinhança.
— Sou eu.
Ela me avaliou de uma forma que não era desprezo, mas sim uma análise profunda.
— Perambulando pelo bairro com essa pastinha... buscando emprego?
— Na verdade, procurando dinheiro.
— A sinceridade é algo que eu aprecio. Com um gesto ágil, ela retirou um cartão de sua bolsa e o colocou na minha mão. — Aurora Club. Eles estão precisando de garçonete para hoje à noite. O trabalho é só com bandeja e um olhar firme. Sem registro, mas a gorjeta é boa.
Olh