Acusada injustamente de seduzir o meio-irmão, Stella vê sua liberdade ser arrancada e seu destino decidido por aqueles que deveriam protegê-la, até mesmo o namorado que a traiu. Quando seu pai, o único que parecia acreditar nela, finalmente a defende... é apenas para vendê-la em troca de um investimento que salvará a empresa. Forçada a aceitar um casamento arranjado para evitar um futuro ainda pior, ela acredita estar trocando um pesadelo por outro, até descobrir que seu marido será ninguém menos que o pai do homem que a traiu. Dominic, um homem forte, intenso, protetor e marcado pelo passado, desperta nela sentimentos inesperados e uma paixão que cresce silenciosa, mas afirma que tudo não passou de um mal-entendido e insiste que Stella se case com seu filho. Stella aceita, sem saber exatamente por quê. Agora, ela é esposa do homem que destruiu seu coração, mas é Dominic quem faz seu corpo e alma queimarem. Resistir a ele... é impossível.
Leer másStella Hayes
Naquela noite, Nolan me chamou até o quarto dele. Ele era o filho da minha madrasta, Irina. Nossa relação sempre foi distante, e eu queria recusar seu convite, mas ele disse que tinha algo para me mostrar. A forma como ele falou não me pareceu suspeita de imediato, só... estranha. Mas eu, extremamente burra e curiosa, fui. Quando entrei, ele estava encostado na cômoda, como se me esperasse há horas. O quarto estava com as luzes mais baixas, uma garrafa de bebida sobre a escrivaninha. Ele pegou um copo e serviu um pouco. — Quer? — perguntou, estendendo o copo para mim. Balancei a cabeça, tentando ser educada: — Não, obrigada. Ele revirou os olhos, impaciente. — Para de fingir que é pura! — zombou irritado e eu congelei. Sem que eu pudesse reagir, ele se abaixou, puxou alguma coisa debaixo da cama e jogou em cima dela. Meu coração quase parou. Era uma lingerie vermelha, provocante... exatamente aquela que o Brandon tinha me dado de presente no meu aniversário. Eu a escondi no fundo da gaveta, longe dos olhos da Irina — ou de qualquer pessoa. — Isso aqui eu encontrei no seu quarto. É seu, não é? — ele falou com um sorrisinho nojento nos lábios. Fiquei em choque. Como ele teve coragem de mexer nas minhas coisas? E por quê? — Me dá isso agora! — gritei, indo em direção à cama para pegar de volta. Ele segurou a lingerie, afastando o braço para trás. Tentei alcançar, e acabamos os dois tropeçando e caindo sobre a cama. Mas não foi um acidente qualquer. Nolan me segurou com força, e antes que eu pudesse sair, ele me agarrou e começou a me tocar de um jeito nojento, forçado, indecente. Eu lutei. Chutei, empurrei, gritei, e, no meio do desespero, tateei a lateral da cama até alcançar o abajur da cabeceira. Sem pensar duas vezes, bati com ele na cabeça do Nolan com toda a força que consegui reunir. Ele caiu para o lado, atordoado. Aproveitei a chance e corri, quase tropeçando nos próprios pés. Saí do quarto dele ofegante, em pânico, com o coração batendo tão forte que mal conseguia respirar. Corri até o escritório do meu pai, aos prantos. Quando ele me viu naquele estado, largou tudo que estava fazendo. — O que houve, filha? — perguntou, levantando-se. — O Nolan... ele tentou... — eu não consegui nem dizer tudo, só chorei mais a ponto de soluçar. Meu pai me abraçou, me ouviu entre soluços e, quando entendeu o que tinha acontecido, seu rosto ficou vermelho de raiva. Saiu de lá como um furacão. E mesmo com medo, fui atrás. Encontramos Nolan ainda no corredor, esfregando a cabeça com cara de vítima. Mas quando nos viu, abriu um sorriso cínico. — Foi ela que me provocou! Disse que me achava bonito e que queria transar comigo! — MENTIRA! — eu gritei, inconformada. — Você nem é bonito! Ninguém quer transar com você! Meu pai olhou para mim com firmeza, como se quisesse dizer: "Eu acredito em você". E então falou: — Eu conheço minha filha. Ela não é esse tipo de pessoa. Deve haver algum mal-entendido aqui. Mas Nolan ainda não tinha terminado o teatro. — Tenho um vídeo, se não acredita em mim. Meu estômago embrulhou. Vídeo? Que vídeo? De que droga de vídeo ele estava falando? Ele nos levou até o quarto dele e, com a maior cara de pau do mundo, ligou uma TV. Conectou um pendrive, e lá estavam as imagens. As cenas me mostravam entrando no quarto, tentando pegar a lingerie de volta, e depois a confusão sobre a cama. Mas o som estava desligado. Sem contexto, parecia outra coisa. Parecia... que eu estava tentando seduzir ele. Meu mundo desabou. Senti nojo, muito nojo. — Isso aqui é a prova. — ele disse, balançando a lingerie no ar. — Ela queria me seduzir. Quando viu que eu não cedi, tentou me bater pra me forçar! — Ele falava de um jeito sério. Dessa forma, era fácil convencer alguém. Eu fiquei paralisada. Tudo parecia virar contra mim. Foi aí que a Irina, minha madrasta, entrou na sala como se tivesse esperado por isso. — Eu vou chamar a polícia! Essa vadia vai pra cadeia! — gritou, como se eu fosse uma criminosa de verdade. Ainda que eu tivesse feito o que o Nolan estava alegando, o que não era verdade, não havia motivos para envolver a polícia. Meu pai me segurou pelo braço com firmeza. Estava sério, mas parecia mais preocupado do que bravo. — Vai lá, pede desculpas para sua madrasta. Implora. A gente precisa evitar que isso vire caso de polícia. Você não pode ser presa, Stella. Eu não entendi. Era ele mesmo dizendo aquilo? O mesmo pai que sempre me defendeu, agora queria que eu pedisse desculpas por algo que não fiz? Então, ele suspirou e me puxou para um canto. — A empresa está com sérios problemas financeiros. — ele confessou, baixando a voz. — O caixa está seco. Um velho amigo meu do setor empresarial ofereceu ajuda... mas com uma condição. Ele quer que você se case com o filho do chefe dele. Meu cérebro parou de funcionar por alguns segundos. — O quê?! Isso é um absurdo! Eu namoro o Brandon há três anos! Se o problema é dinheiro, posso pedir ajuda pra ele. A família dele é rica! Primeiro, me acusam de algo que não fiz, agora querem me forçar a casar com alguém que não amo? — o desespero era nítido em minha voz. — E você acha mesmo que ele vai bancar tudo se você estiver atrás das grades? — Papai retrucou. — Além disso, o Brandon só quer se divertir. Se quisesse algo sério com você, já teria te pedido em casamento há muito tempo. — Ele me ama! Só queria esperar eu me formar para a gente decidir juntos! Pai, por favor! — insisti. Irina, que até então estava só xingando e ameaçando, mudou de postura ao ouvir sobre a falência. Seus olhos brilharam como se tivesse ganhado na loteria. — Se você não aceitar esse casamento, Stella, eu mesma vou entregar o vídeo para a polícia. Vamos ver se seu namoradinho vai continuar te amando depois de te ver atrás das grades! As palavras dela me feriram mais do que qualquer tapa. Comecei a chorar. Não era só raiva ou medo. Era impotência. Era o sentimento de não ter saída. — Eu prefiro ir pra cadeia do que me casar com alguém que não amo! — gritei, mesmo sabendo que ninguém ali se importava. — É só por um ano. — meu pai disse, tentando soar razoável. — Só precisamos de tempo para levantar o investimento. A empresa tem potencial, Stella. É só uma questão de tempo até darmos a volta por cima. Por favor, filha. — seu tom era de súplica. Irina deu o golpe final com um tom mais calmo, quase maternal: — Case-se. Um ano passa rápido. Um ano depois, eu mesma deleto o vídeo. A gente esquece tudo isso. Olhei para o meu pai, para Irina, para Nolan. Cada um com seus interesses, seus jogos, suas manipulações. E ali, no meio de tudo, eu... sozinha. Exausta, sem forças para lutar, sem uma saída real, sem ninguém verdadeiramente do meu lado, eu só balancei a cabeça. — Tudo bem… — falei, um pouco acima de um sussurro. — Eu aceito. E naquele instante, alguma parte de mim morreu.Stella WilliansO saguão da clínica estava silencioso, ou era a tensão que eu sentia nos ombros que estava me fazendo observar isso com maior atenção. Sentada ao lado do meu pai, eu tentava manter a calma enquanto ele preenchia, com uma mão meio trêmula — que eu imaginava ser devido ao nervosismo, mesmo ele dizendo que estava tudo bem — os últimos papéis exigidos para dar início ao tratamento. A caneta escorregava dos dedos com mais frequência do que eu gostaria de admitir, mas ele fingia que não era nada.— Pai... quer que eu termine isso? — perguntei em voz baixa, tentando manter o tom neutro.Ele me olhou e sorriu com o mesmo carinho com que me olhava nos últimos dias. Bem diferente de como vinha sendo nos últimos anos, quando eu estava sob o mesmo teto que Irina. Mas havia um vazio por trás daqueles olhos.— Posso terminar, minha filha. Só estou um pouco cansado. É tudo.Mas não era tudo. Eu sabia. Os exames mostraram que o quadro dele tinha piorado. O antigo problema nos brônquio
Dominic WilliansEnquanto andávamos, indo até o elevador para sair, eu a observava. Ela era tão linda. Stella ainda estava com os cabelos um pouco desalinhados, o rosto marcado por um misto de emoção, e o olhar… aquele olhar. Não havia mais barreiras ali. Nem máscaras. Nem desculpas.Acho que nunca fiquei tão feliz nessa vida.Ela me confiou o silêncio. E, de certa forma, foi o maior gesto de coragem que alguém já fez por mim.Eu a deixei caminhar em minha frente e então ouvimos o som das portas se fechando. Chegando no estacionamento, ela falou:— Queria muito ir com você, mas acho mais sensato, ao menos por enquanto, irmos em carros diferentes. Brandon pode desconfiar, e isso é o que menos preciso.— Não se preocupe, você tem razão. Nosso motorista está te esperando do lado de fora, te levarei até lá e você vai com ele.— Obrigada. — ela sorriu.Me aproximei dela devagar, encostei nossas testas e coloquei a mão em sua cintura. Nossos olhos quase se encontrando, mas o mais important
Stella WilliansO silêncio que se seguiu ao nosso clímax foi preenchido apenas pelo som das nossas respirações ofegantes. Eu estava deitada sobre o peito dele, com o rosto enterrado em seu pescoço e os olhos fechados, como se me manter ali pudesse congelar o tempo e me proteger do mundo lá fora.O carpete macio da sala de Dominic não era o lugar mais romântico ou apropriado para aquele momento, mas depois de tudo o que havíamos vivido, qualquer lugar onde ele estivesse era um refúgio. Seu cheiro misturado ao meu, sua mão ainda entrelaçada na minha, seu coração batendo forte sob meu rosto… tudo nele me trazia paz. Mesmo com a tempestade se armando lá fora.Eu deveria levantar. Deveria organizar meus pensamentos, buscar minha roupa, dar um fim ao que tinha acabado de acontecer. Mas a ideia de sair dali me doía. Me fazia lembrar de tudo o que ainda me esperava. De todas as mentiras que ainda estavam no ar, os perigos que nos cercavam, e o medo constante de que, a qualquer momento, tudo p
Stella Willians O que estava me mantendo de pé por tanto tempo — mesmo com tudo à minha volta desmoronando — era a ideia de que, se eu aguentasse mais um pouco, tudo passaria. Que a dor ia embora. Que eu venceria no final. Mas essa esperança tinha prazo de validade. E hoje, ao acordar, eu soube: ele tinha vencido.Brandon não ia me deixar em paz. Nolan continuaria me assombrando com aquele sorriso de predador. Irina, como uma mãe que nunca foi, se aproximava cada vez mais, como uma felina, apenas para cravar as garras. E, para piorar, meu pai estava doente. Gravemente doente.Eu não podia mais esperar que o mundo fosse justo. Tinha que fazer o que sempre temi: lutar com as armas que eu tinha. Não dava mais choramingar pelos cantos, esperar as coisas acontecerem. Eu tinha que fazer algo, e faria!Comecei a reunir provas.Voltei aos e-mails antigos de Irina, vasculhei cópias de contratos assinados por ela em nome de terceiros, consegui com uma antiga secretária da empresa do meu pai um
Stella WilliansO ar da manhã estava fresco, mas não conseguia aliviar o peso no meu peito. Dirigir até a clínica ao lado do meu pai parecia uma tarefa simples, daquelas que qualquer filha faria sem hesitar. Mas para mim, cada minuto atrás do volante era como carregar uma montanha nos ombros.Meu pai estava calado no banco do passageiro. Não era um silêncio confortável, tampouco constrangido. Era um silêncio que gritava. Aquele tipo de silêncio que só existe entre pessoas que se amam, mas que não sabem como enfrentar o que está por vir.Eu tinha pedido para acompanhá-lo ao médico assim que soube da bateria de exames que ele fez semanas antes. Ele disfarçou, como sempre fazia, dizendo que era rotina, que os médicos exageravam. Mas o cansaço em seu rosto, os lapsos de memória e a palidez nos últimos dias me diziam o contrário. Ele estava evitando me preocupar — ou, talvez, a si mesmo.Estacionei em frente à clínica sem dizer nada. Quando desliguei o carro, meu pai pigarreou.— Stella, s
Charlotte WilliansSentei-me no banco de couro do carro preto alugado, com os olhos fixos na paisagem cinzenta que escorria pela janela embaçada. O sol mal havia nascido, mas eu já estava acordada há horas, com a mente fervendo. O tempo não havia apagado as lembranças, apenas as deixado mais afiadas. E agora que eu estava de volta, o mundo que ajudei a construir parecia pronto para me devorar.Dominic não quis me ouvir. Isso não me surpreendeu. Ele sempre foi impulsivo, guiado por emoções fortes demais. Amor demais. Raiva demais. E no meio disso tudo, eu fui esmagada.Ou talvez eu tenha me deixado esmagar.Irina e eu nunca fomos amigas. Nossa história começou como tantas outras: promessas sussurradas em festas caras, alianças formadas na base da conveniência e uma compreensão silenciosa de que ambas queríamos as mesmas coisas: Poder. Estabilidade. Controle. Mas Irina era mais fria do que eu jamais poderia ser. Ela sorria enquanto destruía, com a mesma elegância com que servia champanh
Último capítulo