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CAPÍTULO 8 - MOMENTO DA VERDADE

Nina acordou na sexta-feira depois de apenas três horas de sono, com o estômago embrulhado e o coração ainda acelerado pelas lembranças da noite anterior. A conversa com Alex havia deixado sua mente em turbulência - as palavras dele ecoavam em sua cabeça como um disco arranhado.

"Desde aquele dia no café, eu não consegui parar de pensar em você."

"Por algo que é muito real, e é exatamente por isso que é perigoso."

Nina se levantou e foi até o espelho do banheiro, observando os círculos escuros sob os olhos. Hoje era o dia da apresentação para a diretoria da CyberShield Corp - possivelmente o momento mais importante de sua carreira até agora - e tudo o que conseguia pensar era em Alexander Stone e no quase-beijo que havia sido interrompido.

— Concentre-se, Nina.

Disse para seu reflexo.

— Você tem uma apresentação para fazer. Pode lidar com seus sentimentos confusos depois.

Ela tomou um banho longo e quente, tentando relaxar os músculos tensos, e escolheu cuidadosamente sua roupa: um vestido azul marinho que havia comprado especialmente para ocasiões importantes, blazer preto e sapatos de salto baixo - ela havia aprendido a lição sobre saltos altos e sua coordenação motora.

No metrô a caminho do trabalho, Nina revisou mentalmente sua apresentação pela centésima vez. Ela conhecia cada slide, cada estatística, cada argumento. Mas ainda assim, a ansiedade crescia a cada estação que passava.

Quando chegou à CyberShield Tower, Nina foi direto para o vigésimo primeiro andar, onde encontrou sua equipe já trabalhando. Lucas, Amanda e Roberto haviam chegado cedo para fazer os últimos ajustes na demonstração técnica que acompanharia a apresentação.

— Bom dia, chefe.

Lucas disse com um sorriso encorajador.

— Pronta para conquistar a diretoria?

— Espero que sim. Como está a demonstração?

— Perfeita.

Amanda respondeu.

— Testamos tudo três vezes. O sistema está funcionando exatamente como planejamos.

— E se algum diretor fizer perguntas técnicas específicas, nós estaremos lá para apoiar.

Roberto acrescentou.

Nina sentiu uma onda de gratidão pela equipe. Em apenas duas semanas, eles haviam se tornado mais do que colegas de trabalho - eram parceiros de verdade.

— Obrigada, pessoal. Não sei o que faria sem vocês.

— Você faria muito bem.

Elena disse, aparecendo na entrada do departamento.

— Mas é bom saber que tem uma equipe sólida por trás. Nina, a apresentação é às dez horas na sala de reuniões executiva do quadragésimo quinto andar. Você tem mais uma hora para se preparar.

Nina assentiu, tentando controlar os nervos. Uma hora. Em uma hora, ela estaria apresentando sua ideia para alguns dos executivos mais poderosos do mundo corporativo.

— Elena, posso fazer uma pergunta?

— Claro.

— Como é a diretoria? Quer dizer, o que devo esperar?

Elena sorriu compreensivamente.

— São pessoas inteligentes e experientes, mas também justas. Eles valorizam inovação e não têm medo de apostar em ideias novas. O Sr. Stone não os teria convocado se não acreditasse que sua proposta tem mérito.

A menção a Alex fez o estômago de Nina se apertar novamente.

— Ele... ele vai estar lá?

— Claro. É o CEO, e foi ele quem agendou a apresentação.

Nina assentiu, tentando parecer casual. Como ela conseguiria se concentrar na apresentação sabendo que Alex estaria ali, depois de tudo o que havia acontecido na noite anterior?

Às nove e quarenta e cinco, Nina e sua equipe subiram para o quadragésimo quinto andar. A sala de reuniões executiva era impressionante - uma mesa longa de mogno, cadeiras de couro, uma parede inteira de janelas com vista panorâmica da cidade, e equipamentos de apresentação de última geração.

Sarah Mitchell os recebeu com sua eficiência habitual.

— Srta. Santos, tudo está preparado. Os diretores chegaram há alguns minutos, e o Sr. Stone os está atualizando sobre o programa trainee.

Nina podia ouvir vozes vindas do interior da sala - conversas em tom profissional, ocasionais risos baixos. Seu coração começou a bater mais rápido.

— Respire.

Amanda sussurrou ao seu lado.

— Você vai arrasar.

Às dez horas em ponto, Sarah abriu as portas da sala de reuniões.

— Senhores, a Srta. Santos e sua equipe.

Nina entrou na sala e imediatamente se sentiu pequena. Havia oito pessoas sentadas ao redor da mesa - sete homens e uma mulher, todos impecavelmente vestidos e com expressões que misturavam curiosidade e ceticismo profissional.

Alex estava de pé no final da mesa, e quando seus olhos se encontraram com os de Nina, ela sentiu aquela familiar aceleração do coração. Mas sua expressão era completamente profissional, como se a conversa da noite anterior nunca tivesse acontecido.

— Diretores, esta é Nina Santos, que vai apresentar uma proposta inovadora para sistemas de detecção de intrusão.

Alex fez as apresentações rapidamente. Nina reconheceu alguns nomes - eram pessoas que ela havia lido sobre em revistas de negócios, líderes respeitados em suas áreas.

— Srta. Santos, o palco é seu.

Alex disse, fazendo um gesto em direção ao equipamento de apresentação.

Nina respirou fundo e se dirigiu à frente da sala. Por um momento, olhou para as faces expectantes ao redor da mesa, sentindo o peso da responsabilidade. Então, lembrou-se das palavras de Alex da noite anterior: "A Nina que me explicou essa ideia estava empolgada, apaixonada pelo projeto. É essa Nina que eu quero que a diretoria veja."

— Bom dia, senhores e senhora.

Nina começou, sua voz saindo mais firme do que ela esperava.

— Obrigada pela oportunidade de apresentar nossa proposta. Antes de começar, gostaria de fazer uma pergunta: quantos de vocês já receberam alertas falsos de seus sistemas de segurança?

Várias mãos se levantaram, acompanhadas de risos de reconhecimento.

— Exatamente. E quantos de vocês já perderam ataques reais porque seus sistemas não conseguiram diferenciá-los de atividade normal?

Mais algumas mãos se levantaram, e Nina viu que havia capturado a atenção deles.

— Este é o problema que nossa equipe se propôs a resolver.

Nina clicou no primeiro slide, que mostrava estatísticas sobre falsos positivos em sistemas de segurança.

— Sistemas tradicionais de detecção de intrusão operam em extremos - ou são muito sensíveis e geram alertas constantes, ou são muito conservadores e perdem ameaças reais. Nossa proposta é um sistema adaptativo que aprende continuamente e refina seus próprios parâmetros.

Conforme Nina explicava o conceito, ela viu o interesse crescer nos rostos ao redor da mesa. Ela estava encontrando seu ritmo, sua paixão pelo projeto superando os nervos.

— O diferencial do nosso sistema é que ele não apenas detecta intrusões - ele evolui. Cada falso positivo o torna mais preciso. Cada ameaça perdida o ensina a ser mais vigilante.

— Como isso funcionaria na prática?

Perguntou Margaret Chen, a única mulher na diretoria e CFO da empresa.

— Excelente pergunta. Lucas, pode mostrar a demonstração?

Lucas se aproximou do computador e iniciou uma simulação em tempo real. A tela mostrou uma rede corporativa sendo atacada por diferentes tipos de ameaças, enquanto o sistema adaptativo respondia e aprendia com cada situação.

— Impressionante.

Comentou David Rodriguez, diretor de tecnologia.

— Qual seria o tempo de implementação para uma rede do tamanho da nossa?

— Estimamos seis meses para implementação completa, com testes piloto começando em dois meses.

Nina respondeu.

— E o custo de desenvolvimento?

Perguntou outro diretor.

Amanda se adiantou com os números financeiros, que ela e Roberto haviam calculado meticulosamente. Nina observou as expressões ao redor da mesa - havia interesse genuíno, perguntas inteligentes, e o que parecia ser aprovação crescente.

— Srta. Santos.

A voz de Alex a fez se virar.

— Qual você vê como o maior desafio na implementação deste sistema?

Era uma pergunta que ela havia antecipado, mas vindo dele, carregava um peso extra.

— Honestamente? A resistência à mudança. Administradores de sistema estão acostumados a trabalhar com ferramentas que conhecem, mesmo que sejam imperfeitas. Nosso maior desafio será demonstrar que um sistema que "pensa" por si mesmo é mais confiável que um sistema que simplesmente segue regras pré-programadas.

— E como você propõe superar essa resistência?

— Educação e resultados. Começamos com implementações piloto em departamentos menores, demonstramos eficácia, e deixamos os resultados falarem por si mesmos.

Alex assentiu, e Nina viu algo que parecia aprovação em seus olhos.

A apresentação continuou por mais vinte minutos, com perguntas detalhadas sobre aspectos técnicos, financeiros e estratégicos. Nina se surpreendeu com sua própria confiança - ela estava realmente gostando daquilo, do desafio intelectual, da oportunidade de defender suas ideias.

Quando terminou, houve um momento de silêncio antes de Margaret Chen falar:

— Srta. Santos, esta é uma das propostas mais inovadoras que vi em anos. Parabéns.

— Concordo.

David Rodriguez acrescentou.

— Vocês identificaram um problema real e propuseram uma solução elegante.

Nina sentiu uma onda de alívio e orgulho. Havia funcionado. Ela havia conseguido.

— Bem, diretores, o que acham?

Alex perguntou.

— Eu voto pela aprovação imediata.

Margaret disse.

— Com orçamento completo para desenvolvimento e implementação.

— Concordo.

— Também.

— Aprovado.

Um por um, todos os diretores expressaram aprovação. Nina sentiu as pernas ficarem fracas de alívio.

— Excelente.

Alex disse.

— Srta. Santos, parabéns. Você acaba de conseguir aprovação para transformar sua ideia em um produto comercial da CyberShield Corp.

Nina mal conseguia acreditar no que estava ouvindo. Sua ideia - que havia nascido de uma conversa casual com sua equipe - havia sido aprovada pela diretoria de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo.

— Obrigada. Muito obrigada. Eu... nós não vamos decepcioná-los.

— Tenho certeza de que não.

Alex sorriu, e por um momento, Nina esqueceu que havia outras pessoas na sala.

Depois que os diretores saíram, Nina se viu sozinha na sala de reuniões com Alex e sua equipe. Lucas, Amanda e Roberto estavam eufóricos, comemorando e parabenizando uns aos outros.

— Nina, isso foi incrível!

Lucas disse.

— Você foi brilhante lá na frente.

— Todos nós fomos.

Nina respondeu.

— Isso foi um esforço de equipe.

— Mas você foi quem liderou, quem apresentou, quem convenceu a diretoria.

Amanda disse.

— Você merece todo o crédito.

Alex se aproximou do grupo.

— Vocês todos merecem parabéns. Esta foi uma das melhores apresentações que já vi nesta sala.

Ele se virou especificamente para Nina.

— Srta. Santos, poderia ficar alguns minutos? Gostaria de discutir os próximos passos do projeto.

Nina assentiu, tentando ignorar a forma como seu coração acelerou. Sua equipe saiu, ainda comemorando, deixando-a sozinha com Alex.

Quando a porta se fechou, o silêncio na sala ficou carregado de tensão. Alex caminhou até a janela, ficando de costas para ela.

— Você foi excepcional hoje.

— Obrigada.

— Nina, sobre ontem à noite...

— Alex, não precisa dizer nada. Eu entendo.

Ele se virou para encará-la.

— Entende o quê?

— Que foi um momento de fraqueza. Que estávamos cansados, trabalhando tarde, e as coisas ficaram... confusas.

— Foi isso que você achou? Um momento de fraqueza?

Havia algo na voz dele que fez Nina hesitar.

— Não foi?

Alex caminhou em direção a ela, parando próximo o suficiente para que ela pudesse ver os pontos dourados em seus olhos verdes.

— Nina, o que eu sinto por você não é fraqueza. É o contrário disso. É algo tão forte que me assusta.

— Alex...

— Mas você estava certa ontem. Isso é complicado. Muito complicado.

— Então o que fazemos?

— Não sei. Só sei que depois de ver você hoje, vendo sua paixão, sua inteligência, sua força... fica ainda mais difícil fingir que não sinto nada.

Nina sentiu como se o ar tivesse saído de seus pulmões.

— Você não pode dizer essas coisas para mim.

— Por que não?

— Porque torna tudo mais difícil. Porque me faz querer coisas que não posso ter.

— Como o quê?

Alex se aproximou mais, e Nina podia sentir o calor irradiando de seu corpo.

— Como você.

As palavras saíram como um sussurro, mas na sala silenciosa, soaram como um grito.

Alex levantou a mão e tocou gentilmente o rosto dela, seu polegar traçando a linha de sua bochecha.

— Nina...

Desta vez, não houve interrupções. Desta vez, quando Alex se inclinou em direção a ela, Nina não se afastou. Seus lábios se encontraram em um beijo que foi suave no início, hesitante, como se ambos estivessem testando águas desconhecidas.

Mas então Nina se derreteu contra ele, e o beijo se aprofundou, tornando-se mais urgente, mais necessário. As mãos de Alex se entrelaçaram em seus cabelos, e ela se agarrou aos ombros dele como se fosse a única coisa sólida em um mundo que havia começado a girar.

Quando finalmente se separaram, ambos estavam respirando pesadamente. Alex apoiou a testa na dela, seus olhos fechados.

— Isso não resolve nada.

Ele murmurou.

— Na verdade, complica tudo ainda mais.

— Eu sei.

Nina sussurrou de volta.

— Mas não me importo.

Alex abriu os olhos e a encarou.

— Você deveria se importar. Nós dois deveríamos.

— Mas não nos importamos, não é?

Um sorriso lento se espalhou pelo rosto de Alex.

— Não. Não nos importamos.

Ele beijou-a novamente, mais brevemente desta vez, mas com a mesma intensidade.

— Nina, isso vai ser complicado. Muito complicado.

— Eu sei.

— Vamos ter que ser discretos. Muito discretos.

— Eu sei.

— E se alguém descobrir...

— Alex.

Nina colocou um dedo sobre os lábios dele.

— Eu sei de todos os riscos. E ainda assim, estou aqui.

Ele segurou a mão dela, beijando a ponta de seu dedo.

— Então acho que estamos fazendo isso.

— Acho que sim.

Nina sorriu, sentindo uma mistura de excitação e terror.

— Ai, meu Deus, o que estamos fazendo?

— Algo provavelmente muito estúpido.

Alex disse, mas estava sorrindo também.

— E algo que eu não conseguiria evitar mesmo que quisesse.

Eles se beijaram mais uma vez antes de se separarem, sabendo que precisavam voltar à realidade do mundo corporativo lá fora. Mas algo havia mudado fundamentalmente entre eles. A linha havia sido cruzada, e não havia volta.

Nina saiu da sala de reuniões com os lábios ainda formigando e o coração batendo como um tambor. Ela havia conseguido a aprovação para seu projeto, mas mais do que isso, havia começado algo com Alexander Stone que mudaria sua vida para sempre.

Ela só esperava estar preparada para as consequências.

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