86. O ciclo da fênix e o jardim do amanhã
Três anos se passaram. Três anos de estações que mudavam na Toscana, de videiras que brotavam, floresciam e eram colhidas, num ciclo de paz e previsibilidade que Leonardo Bellini, em seus sonhos mais selvagens, jamais ousara imaginar para si mesmo. A vila de pedra, antes um refúgio, transformara-se num lar, suas paredes impregnadas não mais pelo cheiro de poeira e segredos, mas pelo aroma de pão assando, pelo cheiro de tinta a óleo de seu estúdio, e pelo riso contagiante de seu filho.
Lorenzo Bellini Rossi, ou Lio, como Sabrina o apelidara carinhosamente, era agora um menino de quase três anos, uma força da natureza com os olhos azuis e penetrantes do pai e o sorriso doce e a teimosia curiosa da mãe. Ele era a personificação da paz deles, o legado vivo de um amor que florescera em meio ao caos e à escuridão.
Leonardo descobrira na paternidade uma forma de redenção mais profunda do que qualquer vingança. Ensinar Lio a segurar um pincel, ver a concentração em seu rostinho enquanto mistu