O amanhecer trouxe um céu cinzento, pesado, como se até o clima carregasse a confusão que se espalhava entre todos os envolvidos naquela história que começava a fugir do controle.
Daniel chegou cedo ao hospital. Não tinha dormido — não de verdade. A imagem do beijo de Júlia ainda queimava como uma marca em sua boca, na pele, na mente.
Ele sentia vergonha.
Culpa.
Desejo.
E uma necessidade desesperada de protegê-la, mesmo que isso significasse se afundar ainda mais no erro.
Quando abriu a porta do quarto, encontrou Júlia desperta, sentada, brincando com a pulseira do soro como se fosse um colar delicado.
Ela sorriu assim que o viu.
Um sorriso que iluminou o rosto pálido, que trouxe cor, vida e algo que Daniel não sabia nomear.
— Bom dia… — ela disse, com voz suave.
— Bom dia, Júlia — respondeu, tentando parecer tranquilo, como se o peso da noite anterior não estivesse esmagando seu peito.
Ela estendeu a mão, chamando-o sem palavras.
Ele hesitou por um segundo — só um segundo — antes de