Assim que Jade vira de costas e sai da sala, ainda consigo sentir o rastro dela no ar. Ela tenta parecer firme, mas eu a conheço bem demais. Vi o tremor na mão quando ela falou. O desvio do olhar. A respiração presa.
Ela ainda sente.
E isso me fode por dentro.
Fico ali parado por um instante, sem conseguir tirar os olhos da porta fechada. Não sei o que me dá mais medo: o silêncio entre nós ou tudo que ainda precisa ser dito.
— Ela... ela tá cuidando de você? — pergunto, sem tirar os olhos da porta.
— Desde o dia que você foi preso. — minha mãe responde, com a voz mais fraca, mas nítida. — Cuidou da casa, de mim... de tudo. Não largou nada.
Demoro alguns segundos para responder. Engulo seco. Claro que ela cuidou. Sempre cuidou de todo mundo, menos dela mesma.
— O que aconteceu com você, mãe?
Ela suspira e tenta ajeitar o travesseiro atrás da cabeça. Me aproximo, ajudando devagar.
— Fui subir pra pegar umas roupas no quarto e escorreguei na escada. Só lembro do barulho, da dor... e depo