Apresso o passo, sentindo o coração bater como um tambor no peito. O hospital vai ficando para trás — os corredores frios, o aroma de desinfetante, os ruídos metálicos de equipamentos — tudo some à medida que me aproximo da porta da UTI 3. Meus dedos tremem levemente quando empurro a maçaneta da sala.
E lá está ela.
Dona Helena está acordada. De olhos abertos, sentada com a cabeceira da cama levemente erguida. Um pouco pálida, claro, mas lúcida. Os olhos marejados se voltam para mim assim que entro.
— Jade... — ela diz com um fio de voz.
Avanço até a beira do leito.
— Dona Helena!
Ela tenta sorrir, os cantos da boca se erguendo com esforço.
— Achei que não ia mais ver esse seu rosto preocupado...
— Como está se sentindo? — pergunto, tomando sua mão com cuidado.
— Meio tonta... com a cabeça pesada. Mas tô aqui, né?
— Lembra o que aconteceu?
Ela fecha os olhos por um momento, franzindo a testa.
— Acho que escorreguei na escada. Eu tinha ido buscar umas roupas no andar de cima... depois