Me tranco no banheiro e apoio as mãos na pia. A porcelana fria sob meus dedos contrasta com o calor que ainda pulsa no meu corpo.
Fecho os olhos. Respiro fundo. Mas o ar parece preso em algum lugar entre o peito e a garganta. Solto com força, como se isso pudesse expulsar tudo o que acabou de acontecer.
Abro a torneira e jogo um pouco de água no rosto. A sensação é um alívio momentâneo, mas a imagem dele ainda está lá, firme, grudada na minha mente. Os olhos do Samuel. A voz baixa dele me agradecendo. O toque. O maldito toque.
Por que ele teve que me puxar daquele jeito?
E por que eu ainda sinto o corpo reagindo como se fosse ontem?
Seguro nas bordas da pia e fico encarando meu próprio reflexo no espelho por alguns segundos. A pele está corada demais. O pescoço, tenso. Meus olhos parecem cansados e, ao mesmo tempo, inquietos.
E Marco... Marco me olhando como se tivesse algum direito de cobrar alguma coisa. Como se eu fosse dele. Como se ele soubesse o que eu vivi.
Idiota.
Pego o celul