O uniforme ainda me incomoda um pouco no corpo. Talvez por causa do tempo que passei longe dele. Talvez por tudo o que ele representa agora.
Caminho pelos corredores do quartel como quem volta a um lugar que deixou de pertencer. Os olhares não são hostis, mas também não são acolhedores. São de observação. De julgamento silencioso.
Paro em frente à sala do Tenente Almeida. Respiro fundo e bato na porta.
— Entra — ouço a voz firme lá de dentro.
Abro. O Tenente está à mesa, ao lado do Batista e do Diego. Nenhum deles sorri. Isso nunca é bom sinal.
Almeida vai direto ao ponto:
— Samuel, vamos economizar tempo. Temos que continuar com a missão.
— Otávio Portulla continua preso?
— Sim — Diego responde — mas vai ser solto em breve.
Sinto meu maxilar travar.
Ainda estou com o envelope nas mãos quando o Tenente me lança o segundo golpe.
— Samuel… pra isso funcionar, a gente vai precisar de uma peça-chave.
Meu instinto já sabe a resposta antes mesmo da pergunta ser feita. Meu corpo endurece.
—