Meu estômago está embrulhado.
A recepção do tribunal é fria, de mármore e silêncio, o tipo de lugar que parece pesar sobre os ombros da gente mesmo sem dizer uma palavra. Eu me sento num dos bancos duros da sala de espera, com as mãos espalmadas sobre os joelhos, tentando manter minha respiração sob controle. Bruna Paiva, minha nova advogada, está ao meu lado. Ela é firme, centrada, com olhos atentos que não desviam por nada. Sua voz baixa e calculada me orienta:
— Jade, você precisa manter a calma. O promotor pode tentar te desestabilizar, mas o juiz vai estar atento. Fale apenas o necessário. E lembre-se: é sobre o que você sabe, não sobre o que você acha.
Eu apenas assinto. Não consigo falar. Cada vez que penso no nome do meu pai, sinto uma vertigem me puxando para dentro. Ele foi preso, mas agora vamos ter que encarar tudo — as provas, os vídeos, as ligações, a parte da minha infância que sempre pareceu nebulosa demais para ser só esquecimento.
Eu olho para o relógio. Samuel ain