Um cheiro forte invade minhas narinas. Arde. Me faz tossir.
Abro os olhos com dificuldade. Tudo está embaçado, os sons parecem distantes, abafados. Sinto o corpo pesado, a cabeça latejando, e então vejo o vulto de uma mulher se formar diante de mim.
— Meu nome é Julia Mendes, sou subtenente — diz ela, com uma voz firme, mas gentil. Ela tem os cabelos presos num coque apertado, pele morena, uniforme dos bombeiros, olhos castanhos atentos. — Você sabe me dizer seu nome?
Levo a mão à cabeça por instinto e sinto algo quente escorrer pelos meus dedos. Sangue.
— Meu nome é... Jade. Jade Portulla.
Ela acena com a cabeça e continua, fazendo uma rápida avaliação com os olhos:
— Você mora nessa casa, Jade?
Olho para trás. E vejo o que sobrou da casa. O fogo foi quase todo contido, mas o cheiro de madeira queimada, o estalo das brasas e a fumaça no ar dizem tudo. Aquilo não é mais uma casa.
— Morava. Mas me mudei faz anos. Meu pai ficou morando sozinho aqui, até ser preso. Desde então, ficou v