126 - Jade

Um cheiro forte invade minhas narinas. Arde. Me faz tossir.

Abro os olhos com dificuldade. Tudo está embaçado, os sons parecem distantes, abafados. Sinto o corpo pesado, a cabeça latejando, e então vejo o vulto de uma mulher se formar diante de mim.

— Meu nome é Julia Mendes, sou subtenente — diz ela, com uma voz firme, mas gentil. Ela tem os cabelos presos num coque apertado, pele morena, uniforme dos bombeiros, olhos castanhos atentos. — Você sabe me dizer seu nome?

Levo a mão à cabeça por instinto e sinto algo quente escorrer pelos meus dedos. Sangue.

— Meu nome é... Jade. Jade Portulla.

Ela acena com a cabeça e continua, fazendo uma rápida avaliação com os olhos:

— Você mora nessa casa, Jade?

Olho para trás. E vejo o que sobrou da casa. O fogo foi quase todo contido, mas o cheiro de madeira queimada, o estalo das brasas e a fumaça no ar dizem tudo. Aquilo não é mais uma casa.

— Morava. Mas me mudei faz anos. Meu pai ficou morando sozinho aqui, até ser preso. Desde então, ficou v
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