Coloco a blusa de volta com os dedos trêmulos, tentando ignorar a ardência que ficou na pele onde ele me tocou, me beijou, me desejou. O ar frio que entra pela varanda não é nada perto do vazio que ficou quando ele me afastou.
Ele me quis. Eu senti. Mas também senti a dor nos olhos dele. Uma dor que eu mesma coloquei ali. Respiro fundo, sentada ainda na beira da cama, olhando para o chão em silêncio.
Preciso contar. Eu tenho que contar que não tomei a pílula.
A verdade está presa na minha garganta desde aquela noite. E agora ela pesa, como se estivesse me sufocando. Eu preciso dizer que não foi arrependimento, que eu me assustei. Que o que senti foi tão grande, tão intenso, que me deixou sem chão.
Eu o amo. Com tudo que tenho, com tudo que sou. E estou com medo. De ter engravidado. De não ter. Do que ele vai sentir. Do que eu vou sentir. Um misto de emoção que não consigo controlar.
Mas também… já temos o Rigel. O nosso menino. Nosso elo eterno. Não precisamos de outro filho para p