A porta de casa range baixinho quando a fecho atrás de mim. Silêncio total. Nenhuma luz acesa. A sala está mergulhada numa penumbra reconfortante, e o único som que me acompanha é o ranger leve do couro da minha bota quando caminho até a cozinha. Não ligo nada, só deixo a chave no balcão e solto um suspiro pesado.
Foi um dia longo. Daqueles que drenam tudo da gente. Essa investigação sobre o Otávio está virando um labirinto — e cada nova pista parece levar pra um beco mais escuro. Minha cabeça está fervendo, e meu corpo parece pesar o dobro.
Subo as escadas sem fazer barulho, passo pelo corredor e entro direto no banheiro. Deixo a água quente cair sobre meus ombros, tentando tirar de mim o peso das últimas horas. Não resolve tudo, mas alivia o suficiente.
Quando saio, ainda secando os cabelos com a toalha, passo em frente ao quarto da Jade. A porta está entreaberta. Dou uma olhada rápida — ela está deitada, coberta até a cabeça, o quarto escuro e gelado com o ar-condicionado ligado