Meu irmão estava numa festa, e fui buscá-lo. Cheguei justamente quando ouvi meu irmão perguntar a Ignácio: — Você não está namorando? Faz tanto tempo e eu nunca vi sua namorada. De repente, fiquei nervosa. Já fazia três anos que eu namorava Ignácio, mas sempre mantivemos segredo, ninguém sabia de nada. Ignácio respondeu com a voz despreocupada: — Aquilo não é namorada, é só uma distração, uma mulher pra passar o tempo. Não tenho intenção de casar. Fechei os punhos, e entrei no salão sem hesitar.
Ler maisDepois de receberem alta, Renan organizou uma comemoração para Carlos e Ignácio.Continuei cuidando de Carlos, mesmo já estando recuperado.Renan brincou:— Agora mais um vai me chamar de cunhado!Carlos revirou os olhos e Renan se calou.No jardim, Carlos e Ignácio conversavam sentados.Curiosa, me escondi para ouvir.— Carlos, não imaginei que você tivesse intenções tão cedo. Por que usou o celular da Clarinda pra me ligar aquela noite?Carlos sorriu.— Você queria conquistá-la, dei uma chance pra você, e pra mim. Pena que você perdeu.Ignácio demonstrou arrependimento, logo disfarçado.— Por causa daquela ligação, perdi a Paloma pra sempre.— Não. — Carlos o encarou, olhos profundos. — Desde o dia em que você a fez sua namorada às escondidas, você já a perdeu.Meu coração disparou. Carlos sabia de tudo.— Desde pequena ela se escondia nos cantos. Hoje, me arrependo de ter deixado você pará-la aquele dia.Ignácio ficou confuso, depois entendeu.— Naquela época...Carlos não disse mai
Ao ouvir isso, o rosto de Ignácio ficou excitado, respirou fundo, olhos brilhando.Ia pegar a mão de Clarinda, mas ela continuou:— Vou ficar noiva em breve com o herdeiro do Grupo Lopes. Me desejem felicidade!Todos aplaudiram, menos Ignácio, que ficou com a mão suspensa, tremendo, pálido.A reação dele foi igual à minha no dia da festa.Senti uma satisfação inesperada.Quem magoa acaba sendo magoado.A retribuição de Ignácio veio rápido.Carlos me olhou imediatamente, e retribuí o olhar.Ele se surpreendeu por um instante, depois sorriu.Mas, com o tremor repentino, o sorriso sumiu e deu lugar à preocupação.— Está tremendo!O salão virou caos, Renan gritava meu nome, mas logo sumiu na multidão.— Paloma!Duas vozes chamaram ao mesmo tempo, mas eu, sem equilíbrio, caí.No segundo seguinte, fui amparada por um abraço quente.Carlos me segurou forte. Não sei como ele cruzou o salão tão rápido.Ignácio estendeu a mão para mim, mas ao ver Carlos me protegendo, ficou surpreso.— Corram, t
Na manhã seguinte, desci para beber água e vi Ignácio em casa.Ele parecia ansioso:— Está bem?Quando não havia ninguém por perto, tentou segurar minha mão.— Não te abandonei de propósito, só ouvi Clarinda...Interrompi:— Não precisa explicar, entendi.Cruzei os braços, deixando claro o recado.— Paloma, mesmo sem sermos casal, me veja como irmão, não precisa agir assim.— Irmão? Já tenho o meu, não preciso de outro.Ele suspirou:— Carlos está interessado demais em você, tome cuidado, não mexa com esse tipo de gente.— Que tipo?Ri com desprezo.— Gente que usa os outros como reserva pode ter amor, Carlos pode ser pior que você?Ignácio se irritou:— Meu amor pela Clarinda é verdadeiro!Parou, constrangido, me olhando.Meu coração doeu, mas não tanto quanto antes.— Leve seu amor para a Clarinda, e não me procure mais.Renan chegou e Ignácio logo mudou de atitude.— Amanhã é aniversário da Clarinda, vamos comemorar juntos.Me lembrei do aniversário de debutante da Clarinda, com o e
Carlos me colocou no carro, conferiu se eu estava bem.— Está com algum incômodo? Engoliu muita água?Balancei a cabeça.— Só um pouco, não foi nada, não precisa ir ao hospital.Mas ele insistiu.— Não, precisa sim.Saiu dirigindo, passou vários sinais vermelhos até o hospital.Depois dos exames, constataram que eu estava bem, mas a água fria podia causar resfriado.Carlos ouviu tudo, comprou remédios, e me levou para casa.No caminho, olhando para ele ao volante, perguntei:— Por que você estava lá?— Fui procurar Clarinda, papai quer marcar um encontro pra ela.— O quê? Mas ela não está com Ignácio?Carlos soltou um riso frio.— Eles nunca vão ficar juntos.No semáforo, Carlos me encarou, olhos profundos e brilhantes.— Paloma, não ligue para quem não importa. Você merece mais.O tom sério dele me fez rir.— Carlos, falando assim, parece meu pai.Ele abaixou os olhos.— Pareço tão velho assim?— Um pouco, oito anos a mais, mas tudo bem.O clima pesou. Fiquei nervosa, lembrando o que
Acordei cedo no dia seguinte, inquieta, e decidi andar à beira do lago.Chegando lá, vi Ignácio e Clarinda pescando juntos, rindo.Quando me viram, Clarinda acenou:— Paloma, vem pescar comigo!Ignácio desviou o olhar, sem me cumprimentar.Clarinda me puxou, e fiquei parada, observando os dois.Foi a primeira vez que vi Ignácio tão feliz, algo que nunca aconteceu comigo.A dor ia passando, mas uma amargura subia à garganta.Enquanto Clarinda pescava, Ignácio se aproximou e sussurrou:— Paloma, pra que isso? Sei que você me ama, mas não sofre?— Você está enganado.— Enganado como? Já conversamos, espero que cumpra o combinado e não conte pra Clarinda...— Ignácio. — interrompi. — Você se acha demais. Não vim aqui por você, só queria caminhar. Você não é tão importante assim.O rosto dele escureceu.— Você acha que vou acreditar? Sei o quanto você me ama.— É? Por isso pisa no meu amor?Fiquei com raiva, me virei para ir embora.Ele tentou segurar meu braço:— Paloma, você...— Pode me
Quando a dança terminou, Carlos soltou minha mão.Ignácio então segurou meu pulso, olhou ao redor para não ser visto, e sussurrou, quase acusando:— Você é muito próxima do Carlos? Por que ficou vermelha dançando com ele?Afastei sua mão, sem querer olhar pra ele.— Não é da sua conta, ex-namorado.Ignácio franziu a testa:— Só quero te avisar para ficar longe de Carlos, vocês não são do mesmo mundo.Ri com desprezo.— Se somos ou não do mesmo mundo, não sei, mas eu e você não somos, então não se meta, Ignácio. Você não tem esse direito.Mesmo tentando controlar a voz, o corpo tremia, mas mantive a postura firme, sem mostrar vulnerabilidade.Ignácio me olhou fixamente, depois suspirou.— Tudo bem, não me meto. Mas espero que não conte sobre nós dois.Sorri friamente. Então era por isso.Ele tinha medo que eu dissesse a Carlos sobre nosso relacionamento e atrapalhasse a conquista da Clarinda.Ignácio desviou o olhar. Pela primeira vez, percebi como três anos de namoro não valeram nada.
Último capítulo