Mundo de ficçãoIniciar sessãoNo dia em que fui ao cartório para pegar a certidão de casamento, o meu namorado, Bruno Silva, mandou alguém me expulsar da porta. Ele entrou de mãos dadas com a amiga de infância. Quando me viu caída no chão, em completo choque, ele não chegou a piscar. — O filho da Isadora precisa de um registro numa cidade grande. Quando tudo estiver resolvido, eu me caso com você. Todos achavam que eu, apaixonada como sempre, esperaria mais um mês. Afinal, eu já o esperava havia sete anos. Mas, naquela noite, fiz algo que ninguém imaginaria. Aceitei o casamento arranjado pelos meus pais e deixei o país. Três anos depois, voltei para visitar minha família. Meu marido, Ricardo Nunes, era agora CEO de uma multinacional. Como surgiu uma reunião urgente, ele enviou um funcionário da filial brasileira para me buscar no aeroporto. Eu não esperava que esse funcionário fosse justamente o Bruno, depois de três anos sem nos vermos. Ele percebeu a pulseira brilhante no meu pulso assim que me viu. — Essa é aquela imitação barata da pulseira de cinco milhões que o Sr. Ricardo comprou para a esposa? Não imaginei que, depois de tanto tempo, você ficasse tão fútil assim. Essa birra já passou do limite. Volta comigo. O filho da Isadora está na idade de ir para a escola, e você pode cuidar disso. Não respondi. Apenas acariciei a pulseira. Ele não sabia que aquela era a mais barata entre todas as que ele mesmo já tinha me dado.
Ler maisO rosto dele estava tão inchado que parecia o focinho de um porco. Fiquei imediatamente em alerta, apertando os dedos, vigilante.— Como você descobriu onde eu estava? O que veio fazer aqui? — Perguntei.Para conseguir escapar dos seguranças e chegar até o meu quarto, Bruno certamente teve que se virar e muito. A lembrança do olhar insano de Isadora fez meu coração disparar.Bruno percebeu meu recuo e tentou se justificar.— Floriana, não precisa ter medo. Eu não vim te machucar. Eu só… — Começou ele.Dei dois passos para trás, impaciente.— Só o quê? Fala logo. — Exigi.Ele respirou fundo e me encarou com uma expressão amarga.— Floriana, eu já disse… Eu só me casei com a Isadora pra conseguir um registro na cidade grande pro meu filho. Mas quem eu sempre amei… Sempre… Foi você. — Declarou ele, com a voz trêmula. — Saber que você se casou com outro homem… que teve filhos com ele… isso me cortou por dentro. Eu sei que fui arrogante, que te machuquei, que não te dei valor… Mas eu posso
Por mais frio, impiedoso e implacável que Ricardo parecesse aos olhos do mundo, eu sabia melhor do que ninguém que ele jamais permitiria que eu ou nosso filho sofrêssemos o mínimo arranhão. Desta vez, meu ferimento certamente o deixou se culpando profundamente.Apesar de Sabrina contar tudo como se Ricardo fosse um verdadeiro demônio, eu não sentia o menor medo. Afinal, tudo aquilo era apenas o retorno justo das escolhas deles. Quem faz mal aos outros, mais cedo ou mais tarde, paga o preço.O que realmente me preocupava era o meu filho.Tão pequeno, tão frágil…Será que vivenciar algo assim poderia afetar sua mente?Eu ainda queria conversar mais com Sabrina quando a porta do quarto se abriu com força. Ricardo e nosso filho entraram apressados, ambos com o rosto iluminado ao me ver acordada.Meu pequeno não perdeu tempo. Empurrou a Sabrina para o lado e correu até a minha cama, agarrando minha mão com força.— Mamãe, como você tá? Tá se sentindo melhor? — Perguntou ele, aflito.Ricardo
Bruno jamais imaginou que eu o trataria como se ele fosse ar, completamente invisível.Ao ver nós três, eu, Ricardo e nosso filho unidos, felizes, formando uma família perfeita, os olhos dele ficaram vermelhos de raiva e frustração.Ele deu um passo na minha direção, mas nosso filho imediatamente se colocou à nossa frente, encarando-o com desprezo.— Fica longe da minha mamãe! — Rosnou ele. — Você ainda teve a audácia de pedir pra minha mamãe ser sua babá? Lá em casa, até meu papai escuta o que a mamãe diz. Quem é você na fila do pão? Eu sei tudo sobre você. Além de ter machucado o coração da minha mamãe, você ainda tem um filho bastardo! Minha mamãe só tem DOIS filhos: eu e a minha irmãzinha. O SEU filho não tem direito nenhum de chamá-la de mãe!Ele mediu Bruno de cima a baixo com um olhar de pura repulsa.— Tenha noção, né? — Continuou ele. — Nem pra carregar os sapatos do meu pai você serve. Não é bonito como ele, não tem o dinheiro que ele tem e muito menos trata a minha mamãe com
Quando encontrei o olhar dos dois, meu coração amoleceu na mesma hora.— Doutor, eu realmente estou bem. Não ligue para eles. — Falei com calma.O médico finalmente pareceu ficar calmo. Depois de confirmar que não havia qualquer problema além do ferimento, voltou-se respeitosamente para Ricardo.— Sr. Ricardo, foi apenas um machucado superficial. O bebê não sofreu impacto algum e está saudável. Já tratei o corte na mão da senhora; não ficará cicatriz. — Explicou ele.Ricardo assentiu, impassível.Mas eu conhecia aquele homem. Sabia que, por dentro, ele estava à beira de explodir.Como verdadeiro culpado, Bruno parecia ter uma espinha atravessada na garganta diante da tensão sufocante no ar. Ele jamais imaginou que um dia eu me tornaria a esposa de Ricardo. Os olhos dele ficaram vermelhos enquanto me encarava.Um ressentimento ardente subiu-lhe ao peito. A posse reprimida ao longo de tantos anos finalmente veio à tona.Mas ele não tinha qualquer poder para enfrentar o homem ao meu lado.
As pessoas que tinham me humilhado junto com Bruno começaram a suar frio no mesmo instante. O rosto de cada uma delas ficou mortalmente pálido. Nenhuma imaginava que aquela idiota bajuladora, alvo das zombarias, fosse realmente a esposa de Ricardo.O medo e o arrependimento se espalharam pelo coração de todos.Afinal, eu usava a pulseira única, aquela que só existia uma no mundo. E já tinha admitido ser a mulher de Ricardo; nunca enganei ninguém. Agora, eles teriam que pagar por toda a arrogância.Observei enquanto alguns davam passos discretos para trás, tentando se afastar de Bruno e Isadora, como se quisessem romper qualquer ligação com os dois.De repente, Lívia, que estava ao lado de Isadora, ergueu a voz.— Floriana, onde foi que você arrumou esses dois atores? — Zombou ela, exibindo um ar de superioridade repulsivo. — Olha só pra você… Tão pobre que nem roupa decente consegue comprar. Aposto que gastou até a última moeda pra montar essa encenação patética, não é?Ela levantou o
O homem que sempre mantinha uma postura fria em público deixou escapar um leve sorriso assim que me viu.Nosso filho correu direto para os meus braços, mas, ao notar o sangue no dorso da minha mão, arregalou os olhos, preocupado.— Mamãe. O que aconteceu com a sua mão? Alguém machucou você?!Aquela única palavra, "mamãe", ecoou pelo salão.De imediato, senti uma onda coletiva de espanto atrás de mim, o som de dezenas de pessoas prendendo a respiração ao mesmo tempo.Os convidados que há pouco me olhavam com desprezo agora estavam boquiabertos, incrédulos.Meu filho sempre percebia qualquer mudança no meu humor. Isso ele tinha herdado totalmente do pai.O carinho dele me envolveu como um abraço quente, dissipando toda a angústia que eu sentira mais cedo.Apertei o pequeno contra o peito e beijei sua bochecha macia.— Mamãe está bem.Mas ele segurou minha mão com cuidado, o rostinho todo preocupado. Soprou devagarinho sobre o machucado, como se pudesse espantar a dor.— Sopra, soprar cur
Último capítulo