Quando a dança terminou, Carlos soltou minha mão.
Ignácio então segurou meu pulso, olhou ao redor para não ser visto, e sussurrou, quase acusando:
— Você é muito próxima do Carlos? Por que ficou vermelha dançando com ele?
Afastei sua mão, sem querer olhar pra ele.
— Não é da sua conta, ex-namorado.
Ignácio franziu a testa:
— Só quero te avisar para ficar longe de Carlos, vocês não são do mesmo mundo.
Ri com desprezo.
— Se somos ou não do mesmo mundo, não sei, mas eu e você não somos, então não se meta, Ignácio. Você não tem esse direito.
Mesmo tentando controlar a voz, o corpo tremia, mas mantive a postura firme, sem mostrar vulnerabilidade.
Ignácio me olhou fixamente, depois suspirou.
— Tudo bem, não me meto. Mas espero que não conte sobre nós dois.
Sorri friamente. Então era por isso.
Ele tinha medo que eu dissesse a Carlos sobre nosso relacionamento e atrapalhasse a conquista da Clarinda.
Ignácio desviou o olhar. Pela primeira vez, percebi como três anos de namoro não valeram nada.