Capítulo 3
Ignácio não voltou mais depois da ligação.

Clarinda ligou, não sei o que conversaram, mas Ignácio providenciou um jatinho particular para ela.

Todos riram de Ignácio, menos eu, que só queria chorar.

Ignácio me tratava bem, mas eu não era especial.

Todo o carinho dele era para Clarinda.

A festa terminou rápido e levei meu irmão para casa.

Deitada na cama, fiquei relembrando as palavras de Renan.

Desde criança, eu era quieta, introvertida.

Clarinda era bonita, extrovertida, carismática. Eu não tinha nada disso.

Mas Ignácio foi quem me notou no canto.

— Espera aí, Paloma, anda mais devagar!

Essa frase ficou marcada em mim por anos.

Passei a olhar pra ele. Primeiro, só de relance, depois, sem conseguir desviar.

Mesmo sabendo que ele gostava da Clarinda, meu coração se abriu pra ele.

Três anos atrás, ele me deu um buquê de rosas brancas, com um olhar cheio de doçura.

— Paloma, vamos namorar.

Parece que foi ontem. Hoje, só restava frieza.

Depois da festa, Ignácio não me procurou mais.

Afinal, ele não me amava e estava com outra pessoa.

Passei dias desanimada. Renan percebeu e passou a ficar mais comigo.

Um dia, notou as joias de diamante espalhadas na minha mesa e perguntou:

— Paloma, sempre gostou de pérolas, por que tanto diamante?

Não tive coragem de contar que foi Ignácio quem me deu.

Renan conhecia meus gostos, mas Ignácio, em três anos de namoro, não.

Levantei e joguei todas as joias no lixo.

— Por que jogar fora algo tão bonito?

Sorri amargamente.

— Não adianta guardar o que não gostamos, por mais bonito que seja.

Renan não entendeu, mas insistiu para eu trocar de roupa.

— Clarinda está de volta, vamos dar as boas-vindas. Assim você também distrai a cabeça.

Meu coração apertou de novo.

Ignácio não me procurava, devia estar com Clarinda.

Logo, eu e meu irmão chegamos à casa da Família Esteves.

Ao entrar, vi o salão inteiro decorado com rosas brancas.

Clarinda veio correndo pra mim, levantando o vestido.

— Paloma! Quanto tempo!

Tentei sorrir, mas não consegui.

Nunca detestei Clarinda, crescemos juntas.

Mas ela era quem Ignácio amava.

Aquele incômodo voltou a pulsar no meu peito.

Sem saber o que dizer, procurei um assunto qualquer.

— Tantas rosas brancas, que romântico.

Clarinda sorriu de leve.

— Foi tudo o Ignácio que preparou. Ele sabe que eu amo rosas brancas, quis trazer todas da cidade pra cá.

Meu coração doeu.

Lembrei do dia em que Ignácio me pediu em namoro com rosas brancas. Tudo se encaixava.

Ele quis dar as flores para Clarinda, mas ela viajou, então me deu o que sobrou.

Disfarcei as lágrimas que ameaçaram cair.

Então era assim. Até o buquê da confissão era resto da Clarinda.
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