Ainda colada no corpo dele, a respiração descompassada e o gosto dele na boca, Clara afastou o rosto apenas o suficiente pra encará-lo. O vento quente do deserto ainda fazia o tecido da tenda dançar, como se assistisse à cena em reverência.
— Patrimônio, Léo? — ela perguntou com um sorriso de canto, voz carregada de deboche. — Tá gamado assim a ponto de sair me colocando no ativo fixo da empresa?
Ele não respondeu de imediato. Deslizou os dedos pela lateral da cintura dela, como se ainda quisesse decorar a curva exata da pele.
— Claro que não — disse, com aquele tom baixo e cheio de veneno. — Você não é ativo fixo.
Ela arqueou uma sobrancelha.
— Ah, não?
— Você é fundo exclusivo. Aquele tipo de investimento que só aceita um cotista. E qualquer um que tentar tocar, eu aciono cláusula de destruição automática.
Clara mordeu o lábio, disfarçando a vontade de rir e de se esfregar nele de novo ao mesmo tempo.
— Você tá mesmo me chamando de fundo exclusivo? Isso é amor ou fetiche financeiro?