Havia uma paz inesperada no som dos talheres batendo suavemente contra a porcelana, nas risadas abafadas que ecoavam pela varanda e no cheiro do pão de queijo que Luna insistia em fazer do seu jeito — queimada a borda, macia por dentro.
Caio observava aquela cena com um sorriso discreto. A mansão, por tanto tempo um lugar frio, agora parecia ter sido tocada pelo sol. Havia almofadas coloridas nas poltronas, plantas penduradas em cordões de sisal, livros nos degraus da escada. Mas era Luna o que mais transformava o ambiente. Ela ria com facilidade, dançava enquanto cozinhava, esquecia de pôr açúcar no café e batia a testa ao abrir armários baixos — e mesmo assim, nada disso parecia erro. Era vida.
— O que foi? — ela perguntou, notando o olhar demorado de Caio.
— Você. Transformando tudo — respondeu, sem cerimônia.
Ela se aproximou, se sentando de lado no braço da cadeira de rodas dele.
— Só estou tentando devolver o que a vida me deu quando você entrou nela.
Ele segurou sua cintura, pu