O salão da antiga casa de eventos no centro histórico de Vinhedo estava mais iluminado do que nunca. Luzes âmbar banhavam as colunas de mármore, e velas flutuantes criavam um clima suave, quase etéreo. Luna respirou fundo, observando o vai e vem elegante dos convidados com taças em mãos e sorrisos socialmente bem treinados. A noite era dela — mas também marcava sua despedida de algo que ela havia fundado com a alma.
A Fundação Aurora nascera de uma dor antiga. Um espaço de escuta, acolhimento e recomeço para mulheres que, como ela um dia fora, haviam se sentido invisíveis. Nos últimos anos, o projeto crescera além do que Luna ousava imaginar. Psicólogas, assistentes sociais, advogadas... uma rede de apoio real e concreta. Mas agora, com Caio, seu envolvimento no processo de reabilitação dele exigia outra entrega. Um outro tipo de presença.
— Nervosa? — perguntou Caio, surgindo ao seu lado em sua cadeira, impecável no blazer azul escuro.
— Mais do que quando inauguramos — respondeu ela