DOMENICO
Era quase meia-noite quando ele encontrou o envelope.
Nenhum barulho. Nenhuma entrega registrada. Nenhuma movimentação nos sensores da mansão. Ainda assim, ele estava ali — sobre a escrivaninha do quarto de Domenico, como se tivesse sido deixado pela própria sombra.
O papel era negro. A cera que selava, vermelha. O símbolo: uma adaga atravessando dois triângulos invertidos — um sinal antigo da Camorra extinta.
Ele rompeu o selo.
> “O sangue reconhece o sangue.
Venha sozinho.
Vila das Oliveiras, 2h.
Traga a verdade nos olhos.
Ou morra cego como seu pai quis.”
Nenhuma assinatura.
Domenico ficou parado, o papel entre os dedos.
Ele podia destruir a carta. Levar até Dominick. Esperar ordens.
Mas não.
Aquele bilhete não era um teste para seu pai.
Era para ele.
E ele iria.
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CRISTINA
— Ele saiu — disse ela, no corredor escuro, meia hora depois.
Henrique parou de andar.
— Como assim, saiu?
— Saiu. Um carro foi requisitado com credenciais forjadas. Alguém da equipe autorizou acesso