Capítulo 23

A moto rugiu pelas vielas estreitas do morro, e eu sentia ela agarrada em mim, o corpo pequeno colado nas minhas costas, como se buscasse em mim a segurança que o mundo inteiro tinha negado.

Mas eu não era segurança.

Eu era o perigo.

Desci até o esconderijo, um dos meus pontos mais seguros. Lugar onde ninguém metia o nariz sem minha ordem.

Parei a moto e olhei para ela.

Isabela desceu sem dizer uma palavra. O rosto ainda ardendo do tapa, os olhos vermelhos, a boca tremendo de raiva contida.

Eu vi.

Vi o momento em que ela quebrou.

Dei dois passos para ela, lento, como um predador cercando a presa.

— É isso que você quer? — perguntei, a voz baixa, perigosa. — Quer fugir deles... para cair no colo do diabo?

Ela levantou o queixo, desafiadora.

Mas eu enxergava por trás da pose.

— Eu não tenho mais ninguém. — sussurrou.

Pronto. Era a deixa.

Puxei ela pela nuca, brutal, sem espaço para dúvidas, e beijei.

Nada de beijo doce.

Beijei como quem marca território.

A língua invadindo, o g
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