A moto rugiu pelas vielas estreitas do morro, e eu sentia ela agarrada em mim, o corpo pequeno colado nas minhas costas, como se buscasse em mim a segurança que o mundo inteiro tinha negado.
Mas eu não era segurança.
Eu era o perigo.
Desci até o esconderijo, um dos meus pontos mais seguros. Lugar onde ninguém metia o nariz sem minha ordem.
Parei a moto e olhei para ela.
Isabela desceu sem dizer uma palavra. O rosto ainda ardendo do tapa, os olhos vermelhos, a boca tremendo de raiva contida.
Eu vi.
Vi o momento em que ela quebrou.
Dei dois passos para ela, lento, como um predador cercando a presa.
— É isso que você quer? — perguntei, a voz baixa, perigosa. — Quer fugir deles... para cair no colo do diabo?
Ela levantou o queixo, desafiadora.
Mas eu enxergava por trás da pose.
— Eu não tenho mais ninguém. — sussurrou.
Pronto. Era a deixa.
Puxei ela pela nuca, brutal, sem espaço para dúvidas, e beijei.
Nada de beijo doce.
Beijei como quem marca território.
A língua invadindo, o g