Eu já sabia que isso ia acontecer.
Sabia desde o momento em que me joguei nos braços dele. Desde o momento em que deixei o medo para trás e escolhi me afundar nele.
Mas saber não me preparou pro grito rasgando o ar da sala, tão alto que pareceu cortar minha pele.
— Me diz que é mentira, Isabela! — minha tia berrou, cuspindo as palavras como se elas fossem veneno. — Me diz que você não se vendeu para aquele maldito traficante!
O mundo parou.
Eu vi o rosto dela distorcido de raiva, vi o nojo nos olhos dela.
E vi também o julgamento. O mesmo olhar que todo mundo jogava em mim desde que eu pus os pés nesse morro.
Fechei os punhos, tentando me manter em pé.
— Eu sei o que estou fazendo. — murmurei. Era mentira. Mas era a única defesa que eu tinha.
Ela riu.
Um som horrível, sem nenhuma compaixão.
— Sabe? Você acha que sabe de alguma coisa? — Ela deu um passo, ficando tão perto que eu pude sentir o cheiro do suor dela, da raiva dela. — Você é só uma menina mimada brincando de ser adul