Matheo Montclair
Após Isabela se zangar e me expulsar do ateliê, voltei para o carro sem dizer uma palavra.
 Oscar me esperava na mesma rua, com o motor ligado. Assim que entrei, fechei a porta com calma e respirei fundo, apoiando a cabeça contra o encosto de couro. O interior silencioso do veículo era um contraste absoluto com o caos que parecia crescer dentro de mim.
 — Vamos dar a volta? — perguntou Oscar, com sua habitual discrição.
 — Não. Pode manter o carro aqui mesmo por enquanto. Preciso pensar um pouco.
 Ele assentiu e desligou o carro. Do ponto onde estávamos, conseguia ver o ateliê de um ângulo privilegiado. A fachada, os vidros amplos... dali, com atenção, era possível enxergar parte do interior do térreo.
 O celular vibrou no bolso. Era Louis.
 — Onde você está? Foi ver a artista? — foi a primeira coisa que ele disse, com aquele tom debochado de sempre.
 — Não é da sua conta. — respondi seco.
 — Ah... pelo seu tom de voz levou um pé na bunda, não é verdade?
 — Algo assim,