Matheo Montclair
Sábado, 17 de setembro de 2022 — Noite
Eu estava prestes a cometer o erro mais delicioso da minha vida quando a voz surgiu atrás de mim.
— Matheo?
A lâmina fria cortou o ar.
Congelei.
Virei-me devagar.
E lá estava ela: Lúcia. Perfeita, composta, confiante. Exatamente como eu lembrava. Exatamente como eu não queria vê-la.
O contraste foi quase cruel.
Isabela, diante de mim, aberta, vulnerável, verdadeira.
E Lúcia… que sempre soube entrar em qualquer ambiente como se o dominasse.
Ela me avaliou de cima abaixo, como se tentasse decifrar o que, exatamente, tinha interrompido.
— Não esperava te encontrar aqui — ela disse, como se tivesse todo o direito do mundo de aparecer.
— Não estou surpreso que tenha vindo — respondi, seco.
O olhar dela então deslizou para Isabela. Avaliador. Medido. Cruel no silêncio.
— Interrompi? — Lúcia perguntou, inclinando a cabeça de um jeito ensaiado demais.
— Sim — respondi antes que Isabela pudesse abrir a boca. — Interrompeu.