Lucas demorou menos de dois minutos para atender ao telefone, mas para Evelyn, parecia uma eternidade. A voz dele veio abafada, grave, como se carregasse o eco de coisas que não haviam sido ditas.
— Evelyn?
— Eu li a carta. — A frase escapou antes que ela pudesse pensar melhor. Não era uma pergunta. Nem um convite. Era uma constatação — e uma cobrança.
Do outro lado da linha, o silêncio se estendeu, denso.
— Eu imaginei que fosse ler. — A voz dele soou mais próxima, como se tivesse se sentado. — E imaginei que ligaria.
Ela se recostou na cadeira do quarto de hotel, as pernas encolhidas contra o peito. As folhas do caderno estavam todas sobre a cama, como peças de um quebra-cabeça que ainda se recusava a se encaixar.
— O que aconteceu naquela noite, Lucas?
— Evelyn…
— Não me diga que não é a hora certa. — Sua voz falhou, mas manteve o tom firme. — Benjamin sabia que havia algo. E ele escreveu que você deveria me contar.
— Ele escreveu isso?
— Com todas as letras. Que você sabia. Que de