O dia seguinte amanheceu com uma luz pálida filtrando pelas cortinas do hotel, como se o mundo soubesse que Evelyn precisaria de delicadeza para atravessar aquelas horas.
Ela se vestiu sem pressa — jeans, camiseta preta, cabelo preso em um coque malfeito. Não usou maquiagem. Não queria armaduras. Queria sentir. Queria ver tudo com os próprios olhos, sem filtros.
Antes de sair, ela abriu novamente o caderno de Benjamin. Leu as últimas linhas da carta, que já conhecia de cor:
“Se você chegou até aqui, é porque encontrou o que deixei com Lucas. É porque teve coragem de olhar para o que deixamos nas entrelinhas. Perdoe a ausência. E perdoe também o silêncio. Às vezes, o amor se esconde nas pausas.”
Aquela frase havia se transformado em um nó dentro dela. O amor se escondia nas pausas. E talvez ela tivesse vivido anos inteira nesse intervalo — entre a perda e a verdade, entre o luto e a vida.
Lucas morava a poucos minutos da galeria, em uma casa nos arredores de Asheville. Evelyn reconhece