Na volta do mirante, Evelyn não dizia muita coisa. Havia algo nos olhos dela — não tristeza, mas uma espécie de reverência silenciosa. Como se aquela vista, aquele vento, aquele instante compartilhado com Lucas tivessem aberto um espaço dentro dela que precisava de tempo para ser entendido. E ele respeitou isso. Colocou uma música instrumental no carro e manteve a estrada em silêncio, acompanhando os pensamentos dela sem exigir que se transformassem em palavras.
Quando chegaram à casa, já era fim de tarde. A luz dourada filtrava pelas janelas, pintando o chão de sombras quentes. Evelyn tirou os sapatos na entrada e caminhou descalça até a cozinha, onde pegou um copo d’água. Lucas ainda tirava a chave da ignição quando ouviu a voz dela, baixa, firme:
— Lucas?
Ele apareceu no batente da porta, os cabelos um pouco desalinhados do vento.
— Sim?
— Eu quero escrever sobre o Benjamin. Sobre a nossa história. Sobre… nós três. — Ela o encarou, os dedos ainda envolvendo o copo de vidro. — Quero