O sábado amanheceu com um céu de nuvens suaves e promessas silenciosas. Evelyn acordou com o som distante de música vindo da sala. Era um piano — notas espaçadas, quase improvisadas, como se alguém estivesse tentando lembrar uma melodia esquecida.
Vestiu um casaco leve sobre a camisola e saiu do quarto sem fazer barulho. Encontrou Lucas sentado ao piano antigo que ficava encostado à parede da sala, o corpo curvado levemente, os dedos testando acordes como quem costura memórias.
Ela ficou ali por um momento, observando-o em silêncio. Lucas parecia um homem em paz, ou pelo menos em busca dela. A melodia não era perfeita, mas tinha sentimento — e Evelyn sentiu o peito aquecer como se aquelas notas tivessem sido compostas para ela.
— Você toca — disse, sorrindo ao se aproximar.
Lucas virou-se, um pouco envergonhado.
— Mal. Mas hoje acordei com isso na cabeça. Não sei de onde veio.
— Soa como o começo de algo bonito.
Ele deu um pequeno sorriso e se afastou do banco, convidando-a com um ges