O sol apareceu tímido entre as frestas da cortina, pintando a parede com tons dourados e pálidos. Evelyn acordou devagar, os lençóis ainda quentes ao seu redor, como se o corpo soubesse que não havia pressa. Virou-se instintivamente para o lado, mas Lucas já havia se levantado. A parte da cama onde ele dormira ainda guardava o afundado de seu corpo e um calor suave.
Pela primeira vez em muito tempo, Evelyn não sentia aquela urgência angustiada de fugir do presente. O quarto parecia envolvê-la em silêncio e calma — e mesmo que houvesse dúvidas e memórias demais ocupando espaço dentro dela, havia também… espaço para respirar.
O silêncio da casa era pontuado apenas pelos ruídos suaves da vida: a chaleira no fogão, uma música instrumental tocando de algum cômodo distante, o som de pinceladas num quadro invisível.
Evelyn levantou, vestiu um suéter que encontrou pendurado no encosto da poltrona e foi em direção à sala. Parou na porta do estúdio. Lucas estava de costas, diante de uma tela. P