Evelyn não soube quanto tempo passou ali, sentada ao lado de Lucas, em silêncio, com o HD entre eles como uma ponte frágil sustentando anos de distância e palavras não ditas. O vídeo de Benjamin ainda estava pausado na tela — o momento em que ele sorria, com os olhos fixos em algo fora da câmera. Talvez fosse o reflexo dela no corredor. Talvez fosse apenas o som de sua respiração.

Lucas levantou primeiro. Preparou café como se fosse um ritual. Evelyn observou seus movimentos com uma atenção que beirava o desconfortável — ele parecia mais velho do que se lembrava, não apenas nos traços, mas na forma como carregava os ombros. Como se estivesse cansado de se proteger.

Quando ele voltou, entregou a caneca a ela, mas não disse nada. Não precisava. Os dois sabiam que as palavras que importavam ainda não haviam sido ditas.

— Eu nunca quis que você descobrisse daquele jeito. — Lucas falou, finalmente, a voz baixa, embargada. — O caderno. As cartas. Os vídeos… Isso tudo era dele. Não meu. Era