A manhã chegou com um céu limpo e o cheiro salgado do mar entrando pela janela entreaberta. O lençol ao meu redor ainda guardava o calor do corpo de Matheus, mas ele já não estava ali.
Eu o encontrei do lado de fora, sentado na areia, de costas para o sol nascente. Ele não me ouviu chegar, ou fingiu que não ouviu. Apenas olhava para o horizonte, os olhos escondidos sob os cílios longos, a expressão perdida.
— A gente realmente vai embora hoje — falei, em vez de um bom dia.
Ele virou o rosto para me olhar.
— Parece que sim.
Me sentei ao lado dele, sentindo o vento bagunçar meus cabelos.
— Não parece real.
— Parece rápido demais — ele corrigiu.
Assenti. Porque era. Esses dias juntos, longe de tudo, tinham sido uma espécie de bolha. Um tempo roubado do mundo real. Mas ele estava nos chamando de volta, e eu não sabia se estava pronta para atender.
Matheus pegou minha mão, traçando círculos lentos na minha pele com o polegar.
— Você ainda não me disse o que tá acontecendo.
Meus músculos fi