O céu já começava a escurecer quando o carro dele apareceu na frente da casa. Eu estava na varanda, abraçada a uma xícara de chá que minha mãe tinha preparado, sentindo a cerâmica quente entre os dedos como se fosse a única coisa capaz de me manter firme.
Matheus desceu do carro com passos rápidos, mas hesitantes. Carregava nos olhos a mesma preocupação dos últimos dias — aquela mistura de culpa, medo e uma ternura que parecia maior do que ele conseguia entender.
— Oi — disse ele, parando na calçada. — Você tá bem?
Assenti e me levantei, caminhando até ele. Ele me puxou para um abraço como se quisesse garantir que eu ainda estava ali, inteira.
— Eu fiquei tão preocupado. Quando você foi embora... — ele respirou fundo. — Só queria ter certeza de que você tava segura.
— Eu tô. E agora, melhor ainda.
Ele me soltou só o suficiente para olhar meu rosto.
— Você parece diferente.
— Eu precisava de um tempo. Pra pensar. E conversar com a minha mãe.
— Ela está aí?
— Tá sim. Quer entrar?
Ele a