A casa estava silenciosa quando voltei. Matheus estava na sala, sentado no sofá com uma caneca de chá nas mãos, enrolado em uma manta. Ele me olhou assim que entrei, o cenho franzido de preocupação.
— Você tá bem? — ele se levantou devagar, vindo até mim.
Assenti, mas ele me conhecia. Leu meu rosto antes mesmo de eu abrir a boca. Então eu apenas o abracei. Firme. Longo. Como se aquele gesto pudesse traduzir tudo que as palavras ainda não alcançavam.
— Fui ao cemitério — murmurei contra seu ombro.
Senti o corpo de Matheus ficar um pouco mais rígido. Mas ele só me apertou de volta.
— Do Gabriel?
— É. Eu precisava disso. Pra fechar essa parte. Pra... conseguir abrir outras.
Nos sentamos no sofá, ainda grudados um no outro. A manta dele agora nos cobria os dois.
— O pai dele tava lá também. — Vi os olhos de Matheus se apertarem, mas continuei. — Ele me pediu perdão.
— E você perdoou?
Fiquei em silêncio por alguns segundos.
— Não ainda. Mas foi estranho... ouvir aquilo. Parecia sincero. E,