Capítulo Cinquenta e Sete

A casa estava silenciosa quando voltei. Matheus estava na sala, sentado no sofá com uma caneca de chá nas mãos, enrolado em uma manta. Ele me olhou assim que entrei, o cenho franzido de preocupação.

— Você tá bem? — ele se levantou devagar, vindo até mim.

Assenti, mas ele me conhecia. Leu meu rosto antes mesmo de eu abrir a boca. Então eu apenas o abracei. Firme. Longo. Como se aquele gesto pudesse traduzir tudo que as palavras ainda não alcançavam.

— Fui ao cemitério — murmurei contra seu ombro.

Senti o corpo de Matheus ficar um pouco mais rígido. Mas ele só me apertou de volta.

— Do Gabriel?

— É. Eu precisava disso. Pra fechar essa parte. Pra... conseguir abrir outras.

Nos sentamos no sofá, ainda grudados um no outro. A manta dele agora nos cobria os dois.

— O pai dele tava lá também. — Vi os olhos de Matheus se apertarem, mas continuei. — Ele me pediu perdão.

— E você perdoou?

Fiquei em silêncio por alguns segundos.

— Não ainda. Mas foi estranho... ouvir aquilo. Parecia sincero. E,
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