O sol da manhã entrava pelas janelas da casa, tingindo tudo com uma luz suave e dourada. A caixa de brinquedos estava no canto do cômodo, ao lado dos rolinhos de papel de parede ainda fechados. O cheiro de tinta fresca misturado com café e madeira nova me fazia sorrir. O quarto do bebê estava tomando forma — e junto com ele, uma parte de mim que eu achava que tinha sido apagada para sempre.
Matheus entrou com uma das prateleiras nos braços e um sorriso no rosto.
— Achei a furadeira. Mas você vai precisar me ajudar a segurar isso aqui, senão eu furo a parede errada e acabo abrindo um portal pro inferno — disse, dramático.
Eu ri, balançando a cabeça.
— Se o bebê nascer e já tiver um demônio como vizinho, vai ser tudo culpa sua.
— Melhor prevenir então — ele disse, piscando, enquanto colocava a prateleira no lugar certo.
Trabalhamos lado a lado por horas. Montamos o berço, esticamos o lençol com bichinhos de floresta que eu tinha escolhido com cuidado, penduramos quadrinhos que combinava