Agatha olhou no fundo dos olhos de Lorena. Eram como um poço obscuro, olhos que não refletiam luz, apenas absorviam tudo ao redor, como se escondessem segredos antigos, enterrados sob camadas de dor, silêncio e rancor. Neles, a maldade não era escancarada, mas insinuada; a arrogância se mascarava de indiferença; e a amargura dançava sutilmente nas bordas da íris, como fumaça prestes a se dissipar.
A luz tênue do fim da manhã filtrava-se pela cortina de linho cru, lançando sombras irregulares pelo corredor imenso. O ar cheirava a jasmim desbotado misturando-se ao leve aroma do café fresco que pairava no ar. Um cheiro doce e melancólico que parecia abraçar o silêncio com ternura sufocante.
Agatha sentia o coração acelerar, não por medo, mas por exaustão. A eletricidade no ar fazia os pelos dos braços se eriçarem, como se seu corpo antecipasse algo inevitável. A garganta, apertada como se um nó se formasse dentro dela, queimava com palavras que esperaram meses para serem ditas.
Com a voz