Vitor a encarou por um instante, sem desviar o olhar. Seus olhos intensos brilhavam de curiosidade, buscavam algo no rosto dela, uma fissura, uma verdade escondida, qualquer sinal de que algo estava errado.
— Escute, Lorena… você pode não acreditar, mas eu me preocupo com todos aqui dentro da empresa. Só quero saber o que aconteceu.
Ela finalmente o olhou, respirou fundo, sentindo os olhos arderem de leve, como se o peso das palavras não ditas pressionasse suas pálpebras por dentro. Uma brisa morna atravessou o corredor, trazendo o cheiro doce e nostálgico de flor de laranjeira que ela tanto amava, e que agora parecia fora de lugar, como uma lembrança de tempos mais tranquilos.
— Nada que eu consiga explicar em palavras curtas —respondeu ela, por fim, a voz embargada num esforço de manter a compostura. Um sorriso frágil se insinuou em seus lábios, mas morreu antes de alcançar os olhos.
— Mas talvez... talvez eu só precise de alguém pra me escutar.
Vitor a observava com atenção, os