Antes que Lorena chegasse à sala de Vitor, um funcionário de sorriso largo, inesperadamente cruzou seu caminho no corredor. Ele vestia um terno simples azul-marinho ligeiramente amarrotado, e carregava uma prancheta com papéis presos por um clipe torto. Seus passos eram leves, quase saltitantes, como se o dia tivesse começado bem demais para ser estragado.
— Olá, Lorena. Aonde vai com tanta pressa? — perguntou ele, inclinando levemente a cabeça e abrindo ainda mais o sorriso, como quem tenta quebrar o gelo com gentileza.
Lorena mal diminuiu o ritmo. Seus saltos ecoavam pelo corredor como marteladas secas. Usava um vestido cinza de corte reto, elegante e sóbrio, e seus cabelos estavam presos num coque firme, sem um fio fora do lugar. O perfume que deixava no ar era discreto, mas marcante — algo entre jasmim e ferro.
— Você é muito curioso. Para onde eu vou não é da sua conta — respondeu ela, sem sequer olhar em sua direção. A voz saiu seca, cortante, com um sotaque carregado que tornav