Ele tentou responder, mas as palavras lhe escaparam como areia entre os dedos, dissolvendo-se antes mesmo de ganharem forma. O silêncio que se seguiu foi denso, quase palpável, preenchendo os cantos da sala como uma névoa espessa que sufocava até os pensamentos.
A luz do abajur, suave e amarelada, desenhava sombras tremulantes nas paredes, testemunhas mudas de uma verdade que escorria entre os espaços do não-dito. O tic-tac de um relógio na estante parecia mais alto do que o normal, como se o tempo estivesse zombando da hesitação dele.
A moça inclinou levemente a cabeça, seus cabelos escorrendo como seda morna sobre os ombros, brilhando discretamente sob a luz. O tecido da roupa que usava se movia com delicadeza, revelando pequenos gestos de inquietação. Seus olhos, outrora ternos, agora traziam um brilho opaco, como vidro embaçado pela mágoa. Havia algo de quebrado ali, como se uma parte dela tivesse se fechado para sempre.
Quando falou novamente, sua voz saiu firme, mas envolta num