Narrado por Mariana

O esconderijo tinha cheiro de madeira velha, silêncio abafado e paredes que guardavam segredos demais. Fiquei ali, sentada no colchão encostado na parede, abraçando meus próprios joelhos, tentando entender o que era mais forte em mim naquele momento: o medo ou o alívio.

Ele me trouxe sem pedir. Me tirou à força de casa, me jogou naquele cativeiro de luxo como se fosse a única forma de me manter viva. E talvez fosse. Porque pela primeira vez em semanas, eu consegui dormir sem sobressaltos. Não que o sono tenha vindo fácil, mas quando veio, me levou para um lugar escuro e vazio — e mesmo esse vazio era um descanso.

O Rei não disse nada naquela noite. Só ficou perto. Sentado numa cadeira improvisada, de olho na porta. As mãos entrelaçadas, os olhos vigilantes, como um cão de guarda ferido e faminto. Ele estava diferente. Ainda era o homem que me amava do jeito mais torto possível, mas havia algo mais ali agora. Algo que parecia pesar tanto quanto a arma que nunc