Narrado por Enzo
Voltar para Porto de Galinhas foi estranho. Era como ver um filme em câmera lenta passando diante dos olhos. As mesmas ruas de paralelepípedo, o cheiro do mar logo cedo, os coqueiros balançando como se me saudassem silenciosamente. Mas eu não pertencia mais àquele lugar.
Passei poucas horas lá. Tempo suficiente pra assinar os papéis da transferência da faculdade de Medicina. O coordenador me olhou como quem se despede de um filho que cresceu rápido demais.
— Vai fazer falta por aqui, Enzo.
Sorri com educação, mas sem muita emoção. Eu só conseguia pensar nela. Maya. E no filho que a gente esperava.
Peguei o voo de volta no mesmo dia. Na janela do avião, vi o céu misturado com minhas lembranças. Ali eu deixava parte do que eu fui. No Rio, começaria a descobrir o que eu ainda podia ser.
[...]
Primeiro dia na faculdade nova. Campus enorme, tudo acelerado. Gente que nunca vi, rostos que não sabiam quem eu era nem o que eu já tinha vivido. Parecia que todo mundo estava num