Capítulo 47

CAPÍTULO 47

Eu não conseguia parar de andar de um lado para o outro no quarto. O lençol amassado ainda guardava vestígios da noite anterior, e meu corpo, embora já vestido, ainda tremia com as lembranças. Enzo. O filho dos meus padrinhos, meu proibido, meu... tudo. Meus dedos tremiam enquanto tocavam a cortina da janela entreaberta, tentando buscar alguma paz no horizonte de Porto de Galinhas. Mas não havia paz. Só o caos pulsando dentro de mim.

Clarisse estava sentada na cama, me observando como quem assiste a uma tragédia em câmera lenta. Ela não dizia nada, o que me deixava ainda mais nervosa.

— Clarisse... — comecei, hesitante. — Eu preciso te contar uma coisa.

Ela ergueu as sobrancelhas, como se dissesse "finalmente".

— Eu já sei, Maya.

Meus olhos se arregalaram.

— Como assim?

Ela sorriu de canto, e se levantou devagar, caminhando até mim.

— Você acha mesmo que eu não percebi? Desde o momento em que vocês dois começaram a se olhar como se fossem as únicas pessoas no mundo... eu s
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