Melinda
— Tu não tem noção… me solta!
Eu batia no peito dele com força, as mãos tremendo mais de pânico do que de raiva. Ele agarrou meu rosto, tampando minha boca.
— Xiu… — ele sussurrou, e eu senti o hálito quente. Mordi o dedo dele sem dó, tentando fugir, mas ele me puxou por trás. O corpo dele colou no meu, pesado, quente, invasivo. Ele respirou no meu pescoço como se fosse dono do meu ar.
— Seu escroto! Me solta!
— Não.
— Me deixa em paz!
Me virei, olhos cheios d’água, o peito arfando. Ele secou minhas lágrimas com o polegar, como se tivesse direito a isso.
— O que você quer? — cuspi a pergunta.
— Tá cega? Eu te quero — ele disse, passando a mão pelo meu corpo como se fosse dele.
— Vai se fuder! Você me entregou pra ele. Me abandonou! — gritei, empurrando ele e saindo do banheiro. Ele ficou pra trás, bolado, com aquele olhar de ódio e desejo misturado.
Quando ele sumiu no corredor, agarrei a mão da Júlia.
— Amiga, preciso da tua ajuda.
— Em quê?
— Preciso fugir daqui… por favor!