O hospital tinha aquele cheiro estranho de desinfetante e angústia contida. Valentina não sabia se andava ou corria pelos corredores, só sabia que seus pés pareciam mais pesados a cada passo. Quando finalmente chegou ao quarto, o pai estava acordado.
Pálido.
Ferido.
Mas vivo.
— Você é mais teimosa do que a sua mãe era — murmurou ele, com um meio sorriso cansado. — E olha que ela era uma tempestade.
Valentina se aproximou devagar, sentando na beirada da poltrona ao lado da cama.
— Achei que você ia morrer antes de me explicar todas as mentiras.
— Sinto decepcionar — ele respondeu, tossindo. — Ainda não chegou minha hora. Mas pode xingar depois. Agora… só me dá um pouco de paz.
Ela engoliu o nó na garganta. A raiva e o alívio lutavam dentro do peito. Mas o que venceu, naquele momento, foi o medo de perder o homem que, mesmo com todos os defeitos, era a única família que restava.
Seu olhar se desviou para perto da cabeceira. Um buquê imenso de flores brancas e vermelhas. Elegantes demais